Finalmente agregaram o catálogo do Star+ ao Disney+, e os brasileiros podem ter a experiência surreal de ver Duro de Matar com a logo family-friendly.
Yippie-ki-yay, Mr. Mouse.
Mas com o aumento de preço, o negócio ficou impraticável. Vou ter que voltar a ver minha novela em sites duvidosos e sem a narração de Marco Alfaro ao lado de Roberto Figueiroa, que eram uma diversão à parte. O plano básico que eu pego com a assinatura do Meli+ só dá direito ao pacote básico, que agora inclui propagandas, apenas dois dispositivos simultâneos, baixa resolução de conteúdo e não tem os canais ESPN com WWE.
Tudo isso já era previsível pra qualquer um que acompanhe as notícias e comentários no Reddit sobre isso, já que lá os mesmos problemas acontecem com cerca de um ano antes de nós, então já se preparem pra ter pelo menos 5 propagandas em um intervalo de 20 minutos.
Além dos problemas de busca, que a cada atualização se tornam piores, há também o fator que, supostamente, o Disney+ não deveria remover conteúdos da plataforma. Aposentar o famigerado Disney Vault pra sempre.
Aí eles acabaram removendo séries e filmes feitos especificamente pro Disney+
Inclusive a série de Turner e Hooch, que é um dos melhores originais que o D+ já fez. Palavra!
Mas além dos originais, tem uma PANCADA de coisa que não tem no Disney+, e eu como autoproclamado Disney conoisseur, sinto que é meu dever de iluminá-los e cobrar das autoridades uma resolução do problema (essa frase tem mais efeito se imaginarem a bandeira dos Estados Unidos por trás de mim).
Este é um artigo que, assim como a Disneyland, nunca estará pronto. Eu poderia ter dito que era um “artigo vivo” ou seja lá como chamam, mas é basicamente isso.
A régua que usarei é que a produção tem que ser criada e/ou distribuída globalmente pela Casa do Rato. Detalhes, verificarei caso a caso se seria viável ter ou não na plataforma.
Enfim, adiante!
The Muppet Show
Eu sei, eu sei. “Ainda tão dublando”. Não que fosse um problema de publicar aos poucos, temporada por temporada. Mas não é como se a Disney se importasse com a marca anyway.
De facto, eu suspeito fortemente que exista um interesse nulo em Muppets de acordo com os gráficos do Disney+ Brasil, caso contrário já teríamos tido alguma coisa. Qualquer coisa. Lança uma temporada por mês, eu não ligo.
“Kapan, porque Muppet Show tá tão alto na lista?”
Prioridades. Eu gosto de Muppets, e enquanto as versões internacionais (ou pelo menos US e UK) já tem desde… 2021.
É.
Porque deveria ser incluído
É uma série clássica de qualidade absurda. Além disso, é a prima forma dos Muppets como conhecemos. Tem os filmes (alguns, já que outros por direitos de distribuição estão em outras plataformas ou no limbo, como o excelente Very Merry Muppet Christmas), tem o especial na Haunted Mansion e a série da Mayhem, Muppet Babies (reboot, não a original), e a série da ABC. Ter todos os derivados e não ter o original é um crime, é como ter o Me & Mickey e não ter os curtas originais.
Eu vou chegar neles, calma.
Muppets Tonight
Muppets, de novo. Se ainda não se acostumou, é novo por aqui, seja bem vindo.
Muppets Tonight foi uma espécie de revival do Muppet Show, feito nos anos 90. Personagens clássicos como Rizzo e o Bobo surgiram aqui. Aquele jamaicano roxo que pergunta pro Gonzo se ele já comeu “queijo gonzonzola” em Muppets do Espaço também.
Isso só na dublagem, na época que nossa dublagem era legal e não engessada.
Aliás, eu gosto muito do conceito do Clifford ser o host do Muppets Tonight, como um aprendiz do Kermit.
Também é essa série que nos deu momentos clássicos como o quid pro quo do Bobo com a Cindy Crawford (mantendo o espírito do original, que não era feito pra crianças) e o cover de Once in a Lifetime por Kermit.
Ficou tão bom quanto o do Tom Hanks.
Porque não tem?
Eu sei lá. Além do fator “a Disney literalmente não se importa com os Muppets”, talvez o fato de usar dezenas, senão centenas de músicas terceirizadas torne essa série um inferno de copyright pra legalizar.
Lembremos que teve algo parecido no segundo volume dos DVDs de Muppet Show, onde as músicas não tinham legendas.
Sim, por qualquer motivo, direitos de música e letra são diferentes. Não me pergunte o motivo.
Muppet Babies (1984)
EU GOSTO DE MUPPETS! VÁ PRO RAIO QUE TE CARREGUE!
Temos o reboot de Muppet Babies, e embora eu goste de alguns episódios da primeira temporada (e da Summer), não chega aos pés do original.
Talvez só no design do Kermit e do Animal, que foram vastamente melhorados no reboot.
Mas além de não servir a uma agenda ideológica que visa dedar crianças, a encarnação original de Muppet Babies é objetivamente melhor do que a nova versão do criador de KND. Há um senso extraordinário não só do tipo de imaginação, mas também de como funciona a imaginação de uma criança.
Ao invés de serem episódios de 11 minutos, são episódios de 25 minutos com um tema, e várias fantasias diferentes ao redor daquele tema, ao invés de ter… uma, duas por episódio? Nem lembro quantas tinha no reboot.
O uso de vários estilos de animação e a junção com cenas live-action era a cereja do bolo, você era constantemente surpreendido com alguma coisa interessante e até cameos inusitados, como Stan Lee e um monstro da paródia adulta de Flash Gordon.
Porque não tem?
Resposta curta: copyright.
Jim Henson era um cara absurdamente gente fina, então conseguiu permissão de seus parças Steven Spielberg e George Lucas (com quem trocou ajuda em projetos como O Império contra a Vaca e Labirinto) pra usar cenas de Caçadores da Arca Perdida e Star Wars em Muppet Babies.
Se você não acredita, lembre-se que o Muppet Show original inteiro se baseava em ter um artista convidado por episódio. E não era qualquer um, eram gente do mais alto calibre de sua época.
Porém, a Disney hoje é dona da LucasFilm e da Marvel, então isso resolve boa parte dos problemas referentes a usagem de footage. Existem episódios como Comic Capers, onde os personagens passeiam por várias tirinhas, mas eu tenho quase certeza que isso encaixa em fair use. Como não é um upload do YouTube, tá valendo.
Outro bom bocado das footages usadas deve ter caído em domínio público, ou os donos não se importam o suficiente. De resto, só me imagina cogitar que não compensaria o custo de manter os servidores com o conteúdo se não vai atrair novos inscritos.
Maldita era de “conteúdo”.
Disneyland
A clássica série antológica criada pra financiar o primeiro parque temático. Algo com tanto valor pra história da televisão quanto do cinema, porque era apresentada pelo próprio Walt Elias Disney.
E não tem no Disney+
…em partes. É complicado.
Vejam, crianças. O senhor Walt encontrou uma gimmick fantástica que se tornou o ganha-pão da companhia por muitos anos: incentivar a imaginação, o interesse por tecnologia, e o estudo de coisas do mundo real, como História, Mitologia, e Ciências.
E isso acontecia não só na TV e cinema, mas se estendia a livros e quadrinhos. Tem uma história que o Zé Carioca conta a história e fatos da Esquadrilha da Fumaça pros sobrinhos e livros de histórias sobre animais e lugares reais, que ensinam factóides em uma história cativante.
O programa seria um showcase de não só projetos futuros do estúdio, mas também recontagem de histórias clássicas e até mesmo, mais desconhecidas.
Levante a mão quem conhece o Espantalho de Romney Marsh.
…
Foi o que pensei.
A antologia mudou de nome diversas vezes (até o IMDB lista como “Abertura Disneylândia”, porque… meio que era pra ser isso), e em várias vezes, eram meras reprises de filmes em um bloco na TV. Outras vezes, eram filmes pra TV que eram também lançados em home video.
Alguns desses filmes estão no Disney Plus, como Mr. Boogedy e Bride of Boogedy, embora por um longo tempo houvesse apenas a sequência, e não o original. Lezeira ou problemas legais/dublagem/qualidade das fitas master? Vai saber.
O controle de qualidade do Disney+ é algo que também deve ser sempre questionado quando colocado em questão, já que tem filmes e séries pra TV com qualidade inferior do de costume, e curtas animados SEM DUBLAGEM OU LEGENDA EM PORTUGUÊS.
Temos os filmes de Davy Crockett e Zorro, embora o filme de Zorro esteja numa qualidade meio esquisita, ao passo que a série está em perfeitas condições. Em preto-e-branco, existindo um print colorido que passou no Jetix e não é difícil de encontrar no YouTube, mas… é.
Tem alguma entrevista onde o filho do Guy Williams diz que a série foi gravada em cores e exibida em preto-e-branco, mas o Wikipedia diz que a série teve uma remasterização colorida em 1992. Porrém, a fonte deles leva pra uma página esquisita que não tem essa informação, então… sei lá.
O que eu achei curioso é que, olhando posts no Reddit, descobri que até na gringa não tem os 4 episódios finais de Zorro, que, segundo meu conhecimento, sequer foram dublados no Brasil.
Mas hey, só porque não tem no Disney+ não quer dizer que tu não possa ver absolutamente todos esses episódios. Aqui, um link do Web Archive pra cê ver.
Deus abençoe a preservação.
The House of Mouse
Eu podia jurar que tinha pelo menos os dois filmes no Disney+ ou em algum lugar. Talvez na Netflix, antes de 2019. Eu sei por um facto que House of Villains passava regularmente no Disney Channel, mesmo sem ser Halloween.
Enfim, o conceito desse desenho é fantástico, e é basicamente uma extensão do que já se faziam nas histórias em quadrinhos, que eu escrevi sobre no blog algumas vezes.
Basicamente, os personagens terminam o dia em seus trabalhos e vão pro clube do chefe, onde ele serve uma miríade de petiscos e bebidas (não alcoólicas, imagino) pros seus funcionários. E enquanto eles conversam, há uma seleção de curtas novos e clássicos pra que eles vejam e talvez aprendam alguma coisa sobre arte.
É um patrão tão bom quanto o Senor Abravanel, diz aí!
E assim como na WWE e no Muppet Show, há um plot de bastidores envolvendo a gerência do próprio clube, como um convidado especial que vai fazer uma apresentação mas se atrasou por qualquer motivo e Pateta tem que cantar o hino da bandeira pra ganhar tempo, ou o aluguel atrasou e, pra que Bafo de Onça, o senhorio, perdoe a dívida, ele exige ter um número musical na noite.
É caótico, é fantástico, e é um prato cheio de referência pra abilolados Disney. Que outro desenho iria colocar Toot, Whistle, Plunk e Boom casualmente? Pois é! São os homens das cavernas na imagem que abre esse trecho, mas cê não notou porque tava ocupado demais prestando atenção nos personagens familiares.
E as referências não são apenas a animações, tem um episódio cujo tema são carros, e o Herbie e as motos de Tron fazem uma aparição de background. Tem um momento em que a Margarida faz uma paródia da abertura de Davy Crockett e é sensacional justamente por te pegar desprevenido.
E não só de referência se vive, as piadas originais são legitimamente boas, safra de uma excelente encarnação do Sexteto Sensacional que começou com Mickey Mouse Works, cujos visuais funcionam tão bem que ainda hoje se usam esses designs em produções novas.
Tem um episódio que eles tiram sarro da censura da TV, colocando três mamacos como visitantes do clube pra analisar a violência dos desenhos, e exigindo que se façam alterações. Eles repetem a cena onde Donald é machucado, acertado, esmurrado, e esmigalhado sucessivamente, mas dessa vez com efeitos sonoros fofinhos e não-relacionados aos objetos de dor.
O nível de trocadilhos também é constante, algo que, de novo, vem do excelente roteiro nonsense que Mickey Mouse Works tinha. É um dos poucos desenhos que consegue divertir igualmente crianças e adultos, e é uma preciosidade que devia ser melhor tratada.
Porque não tem?
Assim como outros itens dessa lista, questões de direito sobre exibição. Na Amazon americana, você pode comprar por 5 dólares o filme especial de Halloween, e por 15, o de Natal.
Eu pressuponho que a série estivesse na Amazon Prime em algum momento, mas foi removida por motivos que ninguém sabe ao certo. Nada mais explica essa série e seus filmes estarem praticamente perdidos, quando são uma grande parte da lore interna da Disney e do Sexteto Sensacional.
Além, é claro, da insistência dos engravatados de que “o povo quer novidade” ao invés de apelar pra nostalgia pra atrair inscritos. Bando de fariseu.
Lembre-se de ficar importunando o pessoal do Disney+ através da ferramenta de enviar comentários que eles mesmos disponibilizam. Dia sim, dia não, eu tou mandando mensagens pedindo sempre as mesmas coisas, e esse artigo é uma boa lista pra usar de referência.
Tem muitos outros na minha lista, mas se tiver idéia de algum, pode deixar nos comentários ou me mandar uma mensagem! Também quero fazer um do Streaming Anteriormente Conhecido como HBO Max, mas de cabeça, só senti falta dos curtas dos Looney Tunes e Merry Melodies. Posso estar esquecendo de alguma coisa, tho.
Lembrando que a regra é que a produção tem que ser feita e/ou distribuída mundialmente pela Casa. Não adianta cobrar filme do Ghibli só porque a Disney distribuiu nos EUA, nem vem.