Quem me conhece sabe que eu AMO O Mágico de Oz. Seja o filme clássico de 39, sejam os livros, as adaptações em quadrinhos, o filme bom da Disney, o filme “ok” da Disney, eu amo a mitologia e as histórias, que são no geral criativas pra crianças, como são narrados de uma forma que adultos também possam se interessar.
Ou não, já que eu sou o cara que comprou um ventila sabor da Ariel não-ironicamente, eu não sou padrão pra ninguém.
Mas uma das coisas que me fascinam são as produções mais obscuras. Tanto é que é um dos meus objetivos com meus vídeos sobre A Maravilhosa Resenha de Oz.
Sim, eu sei, não tá lá muito avançado, eu acho que o mais obscuro que tem no momento é o filme de 1910 e Angélica e o Mágico de Oz.
Mas deixem pra ver depois, porque agora vamos dar uma olhada em um curta curiosíssimo de um diretor igualmente obscuro.
The Wizard of Oz de 1933, por Ted Eshbaugh.
Começamos o curta com Dorothy entediada em casa, jogando pauzinho pro Totó buscar, porque era isso que as pessoas faziam antes de inventarem o celular com o jogo da cobrinha.
E aqui note como tudo está literalmente monótono, com a cor verde.
Mas tornados odeiam a cor verde, e por esse crime ele decide engolir a casa de Dorothy e a joga na terra do Technicolor.
Ao menos não-oficialmente.
Vejam bem, Ted era um animador independente, e nessa época o estúdio de Walt Disney tinha contrato de exclusividade com a Technicolor. Então, até o relançamento em Betamax e Laserdisc, o curta só existia em preto e branco, até que recoloriram ele pra que refletisse a intenção original de Ted.
Intenção essa que pode ter influenciado o clássico de 39, mas até hoje não há um consenso ou nada que prove que tenha acontecido.
Mas eu creio que tenha sido sim uma influência, digo, até o lance de ver os animais enquanto a casa gira foi usado na versão de 39. E é uma gag criativa (pros anos 30), mas que seria um tanto quanto inviável fazer em live action nos anos 30-40. A menos que tenha sido uma inspiração muito forte em alguma coisa e os produtores não quiseram perder isso.
Seja como for, Dorothy acaba sendo jogada no mundo de Oz logo em cima do Espantalho.
E quando eu lembro que no roteiro original de 39 Dorothy e o Espantalho teriam um romance…
Ok, vamos avançar antes que isso fique mais desconfortável. Até porque Totó tá pouco se importando pro clima entre a garota de 7 anos e o… Golem espantalho?
...aliás, como o Espantalho se classificaria? Digo, o Homem de Lata é basicamente um ciborgue, e o Leão Covarde é um animal falante (bem comum por aqui), então o Espantalho seria um autônomo? Um golem? Ele foi criado por magia? Ninguém jogou feitiço nele, ele simplesmente foi feito com vida? Seria ele um precursor dos brinquedos em Toy Story?
...onde eu tava? Ah sim, Totó quer brincar, e o Espantalho joga o pauzinho, mas ele bate em alguma coisa metálica.
Obviamente é o Homem de Lata, que precisa de um óleo e pera, Golem não pode ser, porque golens são feitos de lama… E agora que eu vi, eu escrevi “autônomo”, mas o correto é “autômato”. Eu sempre li errado em Age of Mythology, me dá um tempo. E não, no caso o Espantalho teria que ser uma máquina, mas ele sente e pensa como um ser humano sem precisar de mecanismos (ao contrário do Homem de Lata), logo eu não faço a mínima idéia de onde encaixar o Espantalho.
Vamos fazer um drinking game, tome um gole pra cada vez que eu divagar numa resenha.
Enfim, e lá se vão os três amigos ver o Mágico de Oz. O Leão tá claramente faltoso nesse curta porque na época o papel dele nos filmes da época tinha sido drasticamente reduzido a ser um alívio cômico. Só depois da atuação de Bert Lahr em 39 que o Leão virou o icônico personagem que amamos hoje.
E por motivo nenhum exceto pro Ted mostrar que sabe como usar technicolor, vemos animais acasalando.
Eu queria fazer uma piada inteligente aqui, mas eu me distraí por um momento.
Agora sim, chegamos em Oz, e vemos que há uma variedade e criatividade nos personagens apresentados, mas também uma certa fidelidade om os livros, com essa cobra que parece a A-B-Sea Serpent, do Royal Book of Oz. Mas os outros são originais, até onde sei, e servem pra basicamente mostrar “OLHA CORES TECHNICOLOR OLHA O TANTO DE CORES QUE TEMOS SÉRIO”
Os soldados de Se Minha Cama Voasse levam nossos heróis a conhecer o Mágico de Oz, que, como sabemos pela história, é um cara comum do Kansas de bom coração, mas sem nenhum poder mágico…
...ou ele pode ser o primo caipira do Yen Sid, claro.
Ele faz aparecer cadeiras específicas pra cada um dos visitantes.
Uma de madeira pro Homem de Lata
Uma de corvo pro Espantalho.
...ok, isso é meio cruel.
Uma cadeira normal pra Dorothy
E…
…
Eu vou passar essa.
E então Oz começa a mostrar seus poderes mágicos fazendo coisas básicas como criar cartolas com aquele bichinho-bola de Gundam.
...ok, eram bonecas com a bunda pra cim-eu tenho alguns problemas com algumas coisas dos anos 30 quem raios deu luz verde pra isso?
As bonecas dançam com síndrome de vestidinho da Mônica dançam e entretém os convidados.
Oz cria uma galinha que começa a botar ovo como se fosse a Galinha Magricela, e de cada um sai uma aberração que faria Dr. Romero e Shou Tucker brilharem de orgulho.
Mas a galinha quer guardar o menor ovo, porque aparentemente é seu filho de sangue… Ou algo assim. Sei lá que método esse doente aprendiz do Dr. XXX usou.
Seja como for, o ovo começa a crescer, e o mágico é impedido de fazer alguma coisa porque Totó pegou a varinha e saiu correndo.
Porque motivos.
O Espantalho e o Homem de Lata tentam quebrar o ovo de diversas maneiras, mas é tudo em vão, porque o ovo continua duramente impecável e crescendo.
Totó entrega a varinha ao Homem de Lata, que quebra o ovo em mil pedaços! OH! O que terá lá dentro? Uma mistura de Wolverine com o Violador?
Nada disso, é um pintinho comum, que encerra esse curta com Rock-a-Bye Baby.
..sim, eu tou tão confuso quanto você, acredite.
É um curta… estranhamente divertido. É incrivelmente sem noção, de alguma forma tem menos a ver com o livro do que o clássico de 39, mas só pela possível inspiração ao clássico, e as teorias do porque esse filme não usou Technicolor já são o suficiente pra ser assistido. Dá pra achar na internet fácil fácil (melhor versão no Vimeo), e é interessante ver o trabalho de um diretor mais desconhecido, que inclusive fez outros curtas que provavelmente vão aparecer aqui eventualmente.
Agora sim podem ir ver meus vídeos sobre O Mágico de Oz, se cuidem.
Este é um artigo que foi escrito por volta de 2017 pro site O Filmante. O texto será mantido exatamente como foi publicado, mas as imagens estão fora de lugar porque eu não lembro que imagens eu usei e qual a ordem.
Se gostarem dessa idéia de comentar desenhos da Era de Ouro, eu pretendo trazer mais alguns pro Substack, com curiosidades e contextualizações e etc. Não com esse exato formato, mas ainda assim, curtas antigos.